Não há mal em sonhar acordado.
Se os sonhos são desejos primários do nosso subconsciente, porque não sonharmos com o que o nosso consciente deseja?
Passamos a vida a correr, em busca de algo que, muitas vezes, nem sabemos definir correctamente.
Felicidade? Saúde? Estabilidade Financeira? Todas estas ao mesmo tempo e em simultâneo?? :)
Mas qual é o maior sonho que temos?
Aquele que está ao alcance da nossa mão?
Aquele que sabemos que nos demorará uma vida a atingir, mas que nos fará atingir a plenitude?
Aquele que tantas vezes nos fez cair, pelo qual tantas vezes perdemos as forças, mas que não conseguimos abandonar porque a perseverança de o atingir não nos deixa desanimar?
Para mim, todos os sonhos são importantes, porque como dizia o António Gedeão, " O sonho comanda a vida".
Eu sonho... preferencialmente acordado...
"Pedra Filosofal"
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
In Movimento Perpétuo, 1956
Sem palavras... Está tudo dito!
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