domingo, 14 de novembro de 2010

Ensaio - Egoísmo

Nos dias que correm, estamos cada vez mais egoístas.

Por tendência, vivemos apenas para o nosso conforto, criamos umbigos que mais parecem buracos negros onde tudo cabe menos as necessidades dos outros.

Desprezamos qualquer contacto, muitas vezes até o singelo bom dia que tantas vezes mais não é do que um "Ei, estou aqui".
Já muitas vezes não nos preocupamos em devolver uma chamada não atendida. Para quê??? Se nos ligam, certamente que o interesse não é nosso, e não sendo nosso voltarão a ligar.

Já não há a cordialidade de nos preocuparmos com alguém. Assumimos que as coisas irão melhorar, que a nossa influência será sempre reduzida e por isso não perguntamos.

Na verdade, já nem sequer respondemos quando nos perguntam como estamos. Escondemos, omitimos, porque ninguém tem nada a ver com isso, ninguém tem de conhecer as nossas fraquezas.

Na verdade, acho que já nem queremos saber.... Apenas nos preocupamos em continuar...

A quem desiludi, as minhas sinceras desculpas.

Todos os dias tento ser melhor.. Pode ser que da próxima consiga...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ensaio - Sonhar acordado

Não há mal em sonhar acordado.

Se os sonhos são desejos primários do nosso subconsciente, porque não sonharmos com o que o nosso consciente deseja?

Passamos a vida a correr, em busca de algo que, muitas vezes, nem sabemos definir correctamente.
Felicidade? Saúde? Estabilidade Financeira? Todas estas ao mesmo tempo e em simultâneo?? :)

Mas qual é o maior sonho que temos?
Aquele que está ao alcance da nossa mão?
Aquele que sabemos que nos demorará uma vida a atingir, mas que nos fará atingir a plenitude?
Aquele que tantas vezes nos fez cair, pelo qual tantas vezes perdemos as forças, mas que não conseguimos abandonar porque a perseverança de o atingir não nos deixa desanimar?

Para mim, todos os sonhos são importantes, porque como dizia o António Gedeão, " O sonho comanda a vida".

Eu sonho... preferencialmente acordado...

"Pedra Filosofal"

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

In Movimento Perpétuo, 1956

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ensaio - Humildade

Não é defeito ser humilde.

Na minha opinião, ser humilde é  ter a capacidade de reconhecer a nossa inata condição humana de errar e dizer - EU ERREI!!!
É ter a capacidade de assumir que não temos em nós a verdade e dizer - TENS RAZÃO!!!
É ter a capacidade de olhar para o sofrimento causado noutra pessoa e pedir DESCULPA!!!!
É ter a capacidade de assumir a nossa fragilidade e ser capaz de de dizer - NÃO ME DEIXES!!!
É assumir a nossa incapacidade e dizer - PRECISO DE TI!!!

Nenhum Homem é uma ilha.

Todos precisamos de alguém, não tenhamos medo de o assumir.
Sejamos humildes, lutemos pelo que vale a pena e peçamos desculpa sempre!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Invictus

OUT of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Poema de William Ernest Henley

Ensaio - Sonhos

Ligado ás memórias do meu passado, encontro-me preso a um presente que está longe de ser o futuro que espero para mim.

Carrasco de mim próprio, penitencio-me pelos erros do passado, pelos quais paguei e injustamente fiz pagar, erros que para sempre me acompanharão com a firme esperança de que dos mesmos retire lições que me permitam ser melhor.

Justiça, Confiança e Honestidade são qualidades que procuro afincadamente, merecedoras da minha eterna devoção e admiração, conhecedoras do meu Eu, Guardiãs da Verdade. Por elas, com elas, encontrarei o meu caminho, do qual a ignomínia do julgamento fácil e do preconceito não me desviarão.

Cairei muitas vezes, levantar-me-ei muitas mais, porque o Sonho de um dia melhor persiste, acompanhado dos que se interessam e acreditam, dos que contam e fazem contar.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ensaio - Liberdade

Ainda sinto a brisa na cara.

A rodar a baixa velocidade, não fechei a viseira para aproveitar o ar limpo da serra que está á minha frente.

A estrada está limpa e é altura de soltar os cavalos.
Baixo a viseira, meto a 2ª e enrolo o punho até ás 10.000 rpm até que chega a 1ª curva. A 120 km/h aperto os travões e deito-me para a esquerda.

Estrada. Só vejo estrada. Agarrado á mota, deslizo com o punho controlado e a estrada a ficar para trás. O poisa-pés toca no chão, sinal de que estou no limite. A curva está a acabar e quando chega a altura enrolo novamente o punho.

A roda da frente levanta e leva-me rápido para a próxima curva, e outra, e outra, e outra...
Agarrado ao volante, levo-me ao limite e ao limite da mota.Por vezes parece que pairo no ar enquanto a curva acaba, voo baixinho enquanto oiço o rugido do motor e a sua subida de rotação.

No cimo da montanha páro... deixo o ar entrar, sinto o fresco da montanha, o ar puro.

Estou só.. Sinto-me livre. Continuarei...